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Introdução

Olá você, o que trago aqui é uma abordagem sobre a convivência com grupos de feiticeiros Sul-americanos, e como comecei a estudar o que eles chamam de o ser bioenergético. Segundo os feiticeiros, o ser bioenergético é o que somos nós além do nosso ser biológico. Esses estudos tratam de vivências e práticas de feitiçaria antigas, direcionadas para o entendimento e interação com o ser bioenergético. Em síntese, abordo aqui o quê e como os feiticeiros estudam, como fazem para interagir com o ser bioenergético, e como esses estudos os leva ao experimentar, o que talvez seja o nosso ser quântico.

Descobrir com os feiticeiros que trazemos impregnado em nosso DNA um complexo sistema de linguagem. Eles consideram que essa seja uma linguagem conhecida em todas as galáxias, por isso é também conhecida como uma linguagem universal. Civilizações que viveram ou estiveram nesse planeta em tempos remotos, deixaram um vasto material de estudo sobre essa linguagem, já com a intenção de que esse material viesse a ser estudado por outra civilização no futuro. Encontrei um vasto material sobre esse assunto com os feiticeiros, e na visão deles, esta é a nossa linguagem genética original.

 

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Capítulo 1 - (Volume 1)

Como muita gente, eu tinha uma ideia ou impressão do que, ou como seria um feiticeiro. Essa ideia ou impressão foi por água abaixo no momento em que conheci um feiticeiro de verdade. Nada tem a ver com pai de santo, candomblé, macumba, ou mesmo os do tipo Harry Potter. Sem falar daqueles que a TV mostra em filmes, seriados e etc. Resumindo, feiticeiros de verdade não têm nada a ver com qualquer conceito conhecido ou estabelecido. Seja lá qual for.

Feiticeiros são pessoas aparentemente simples, mas só aparentemente. Em verdade são pessoas extremamente sofisticadas, detentoras de um conhecimento nada convencional e assustadoramente grande. Apesar de a maioria viver em cidades pequenas por opção, e isso é só uma questão de disfarce, pois não querem ser reconhecidos nem famosos, vivem em anonimato quase que total. Dizia-me um deles que um feiticeiro não fica muito tempo em uma cidade. São como nômades e vivem uns poucos anos ou meses em cada lugar.

Estive em uma casa onde moravam cinco feiticeiros e duas feiticeiras. Fui levado lá por um amigo e com o consentimento deles. Assim que cheguei, imediatamente notei que eu nunca tinha visto um feiticeiro real de perto. Bastou olhar nos olhos, é visível, notório, ao menos para mim foi.

A primeira impressão foi que naquela casa habitava uma família comum, ledo engano. As mulheres feiticeiras são bem menos sociáveis que os homens. Uma delas, que se chamava Eneida, me recebeu e me ofereceu uma cadeira para sentar, imediatamente perguntou porque eu estava ali, e ainda disse que ninguém de fora do grupo deles era bem vindo naquela casa.  - Nada delicada.  - Mas disse também que sabia que eu viria a aquela casa, pois o fato de elas e eles usarem a magia, possibilitava ou antecipava saber certos acontecimentos em suas vidas.

   - Tem muita coragem de vir aqui moço. – Primeira coisa que o feiticeiro chefe do grupo me disse quando me viu, e continuou falando. – Mas sei porque você está aqui. Isso já foi concordado antes em outra esfera. Todos aqui já o esperavam. - Disse ele. -

Colocou a mão no meu ombro e me conduziu ao interior da casa, enquanto falava. -

   - A sua linhagem tem muito da nossa, porém, estamos em lados opostos. Nós não nos preocupamos, nem nos incomodamos com o seu mundo social, apenas tiramos dele o que precisamos. Como deve saber, não pertencemos ao seu contexto social comum. Vivemos de acordo com o nosso próprio sistema social. Você faz parte de uma nova linhagem, eu acho essa nova linhagem muito preocupada em salvar o mundo ou coisa assim. Isso é ridículo perante aquilo que somos, ou o que podemos ser. Acho o fato de você viver numa cidade grande por demais esquisito. Feiticeiros não têm amigos, nem falam com os vizinhos, o sistema de mundo deles é diferente do nosso. - Disse o chefe Aleixo. -

A recepção não foi das melhores, mas o meu objetivo de estar ali me manteve controlado e calmo. Durante o tempo que passei na companhia deles, observei que nenhum deles tinha alguma relação afetuosa ou maleável uns com os outros. Todos tinham seu quarto individual, as mulheres não tinham amizade, nem entre elas, nem com os homens. Mas se respeitavam mutualmente.

Conversei várias vezes com todos eles separadamente e também em grupo. Em cada seção de conversa, muita coisa me era esclarecida, outras coisas eram novidades. Mas nada ficava com dúvida ou sem uma elucidação total. Os assuntos não eram nada que se possa abordar explicitamente em qualquer lugar, um misto de extraordinário, assombroso e assustador. No mundo deles, assombroso e assustador não são a mesma coisa. Cada uma dessas palavras tem um peso e uma qualificação diferenciada.

Um deles, que se chamava Ciro Martins, era o que eu consideraria como sendo o mais perigoso deles, fazia trabalhos nada convencionais. Numa das vezes que sai com ele para ir ao centro da cidade para comprar umas mantas para o frio, na volta para casa, estávamos com quatro sacolas grandes e pesadas. Ele percebeu a minha dificuldade em carregar duas grandes sacolas pesadas. Parou em uma calçada numa rua movimentada, e fez sinal para que eu parasse também. Assim o fiz. Foi ai que eu vi de perto qual é, e como é o poder da magia de um feiticeiro.

   - Você sabe dirigir não é? – Perguntou-me. –

Eu respondi que sim. -

   - Vou arrumar um transporte para casa, mas você dirige, eu não gosto de máquinas. – Disse ele. –

Respondi que sim. -

Nesse momento, um homem estava estacionando um automóvel de quatro portas próximo de onde estávamos. Ele esperou o homem sair do carro, chegou bem perto dele, e tocou no ombro do homem dizendo: - Vou precisar do seu veículo por uma hora, vou deixá-lo próximo a uma delegacia, você o encontrará no final da tarde, agora, dê-me a chave. – Só posso dizer que acreditei, porque vi isso acontecer bem na minha frente. Incrivelmente o homem entregou as chaves do veículo e ficou parado próximo. Imóvel.

  – Entre no veículo e dirija. – Disse o feiticeiro. –

Foi o que fiz, peguei as chaves, abri o porta-malas e coloquei as sacolas dentro, entrei no carro e fomos embora. Dirigi até uma delegacia que ficava próxima da casa dos feiticeiros. Deixamos o veículo bem próximo estacionado, com a chave na ignição.

No caminho para casa, perguntei ao feiticeiro como ele fez aquilo, o homem entregou as chaves do veículo sem questionar nada, sem nenhuma palavra.

   – Coisas que nós feiticeiros podemos fazer. - Disse Ciro Martins. - Procuramos não tirar proveito disso, mas às vezes, fazemos coisas assim. Não se preocupe, daqui duas horas ele vai encontrar o veículo dele e vai pra casa tranquilamente, amanhã nem vai lembrar-se de nada. – Disse ele.

Numa outra conversa com a feiticeira que se chamava Eneida, ela me revelou que aquele feiticeiro era um mestre na manipulação da consciência. Ou seja, ele tinha o poder de manipular as pessoas em seu favor, ou para seu bel prazer, mas que era muito comedido, e só agia quando necessário. Fiquei pensando, será que eles são tão éticos assim?

Cada um deles tinha uma especialidade no mundo da magia. Um mundo tão estranho para mim, quanto seria talvez o solo lunar. Mas eu quase não me assustava e acabei me acostumando com eles. Mas no mundo dos feiticeiros existem regras, e regras rígidas, não cumpri-las é um perigo imenso.

A casa dos feiticeiros era enorme, tinha muitos cômodos e muitas salas. Observei em um dos corredores da casa que havia uma caixa, não muito grande, mas completamente cheia de dinheiro. A casa tinha mobília simples, mas muito bem conservada e cuidada, extremamente limpa. Os feiticeiros usavam roupas muito simples, para não serem observados pela população local, diziam eles.

As seções de conversação com todo o grupo aconteciam todas as noites, vez por outra eu conversava isoladamente com um deles durante o dia. Num certo dia eu notei um olhar diferente de uma das feiticeiras comigo. Imediatamente o chefe do grupo chamou-a e disse para ela não se aproximar de mim com aquelas intenções. Ela obedeceu sem discutir, nem dizer nada. Mas no dia que eu fui embora, o chefe Aleixo pediu para ela me acompanhar até a estação rodoviária, de onde eu tomaria um transporte para ir até o aeroporto que ficava uns trinta Km da estação. No caminho para estação ela pegou na minha mão e me fez parar. Sem entender porque paramos, olhei para ela para perguntar porque, então notei que estávamos parados de fronte a um pequeno hotel. Entendi sem que precisássemos dizer nada um pro outro, entramos no hotel e passamos horas lá.

Nesse hotel foi que eu pude conversar com ela mais intimamente, saber mais sobre os feiticeiros e ela mesma. O que descobri sobre ela foi que, além de muito bonita, era também muito perigosa. Despertar a ira de uma mulher como ela, é assinar sua própria sentença, sem direito a julgamento.

O convívio com essas pessoas foi uma experiência sem igual. Nunca eu poderia supor, nem sequer imaginar o que aprendi com eles. Mas uma coisa também aprendi com eles, entrar no mundo da magia é um caminho sem volta, não há como escapar do conhecimento mágico que eles vivenciam. Sem dúvida, eles têm muito poder sobre as coisas e as pessoas. Porém, isso os isola do mundo convencional.

Eu achava que ia encontrar um grupo de pessoas que faziam rituais, evocavam espíritos, faziam curas, aplicavam passes e coisas do tipo. Acredite, feiticeiros não fazem nada disso. Cheguei a questionar com o feiticeiro chefe do grupo sobre essa minha ideia, ou a ideia mais tradicional que a minha sociedade tinha sobre eles. O que ouvi dele foi chocante.

   - Você está nos confundido com xamãs ou curandeiros. - Disse o chefe Aleixo. - Feiticeiros e xamãs são completamente diferentes. Além do mais, na sua sociedade, o conceito sobre xamãs está errado, e muito mais errado ainda está o conceito que a sua sociedade tem sobre os feiticeiros. A bem da verdade, isso não nos incomoda e nós não estamos preocupados em esclarecer esses conceitos para sua sociedade. - Disse ele. -

   - Na sua sociedade criou-se um conceito sobre feiticeiros e xamãs completamente falso, muito alegórico e fantasioso a meu ver. O que acontece, é que na sua sociedade começaram a surgir pessoas que experimentam chás alucinógenos, como a Ayahuasca, entre outros, mas essas pessoas não têm nenhuma ideia com o quê estão lidando. Acham que uma interpretação religiosa tem que fazer parte do xamanismo, pois eles não sabem investigar o que é desconhecido para eles, sem atribuir a algo de divino. Do mesmo modo que já aconteceu antes nas sociedades mais primitivas, hoje também surgem aqueles que se dizem conhecedores de forças espirituais e se autodenominam xamãs, explorando a falta de conhecimento da população, e exploram comercialmente o que eles acham que é o xamanismo. Na minha opinião, todos eles são charlatães desinformados, eles mesmo não sabem nada sobre o que de fato é o xamanismo, e principalmente sobre o que são os feiticeiros. - Disse o chefe Aleixo. -

   - Tenha em mente uma coisa, um xamã verdadeiro não comercializa os conhecimentos de xamanismo, quem faz isso são os pastores xamanistas. Eles são iguais aos pastores evangélicos, padres católicos, pais de santo, doutrinadores espíritas, líderes espirituais, e por ai vai. - Disse o chefe Aleixo. -

   - Se você perguntar para um desses pastores xamanistas, ou que seja o líder xamã que você conheça, o que é que ele estuda pra ser um xamã? O que você acha que ele dirá? - Perguntou. -

Nesse momento eu não faço ideia chefe Aleixo. - Disse eu. -

   - Agora, se você perguntar para um feiticeiro o que é que ele estuda? Prepare-se para a resposta, ou melhor, prepare-se para ouvi-la. - Disse o chefe Aleixo. -

 

 


Fim do capítulo 1

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